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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dr. Malcon Montgomery fala para homens e mulheres como ter uma gravidez com saúde e tranquilidade


Lubaque - O que representa o mundo feminino para senhor?


Dr. Malcon Montgomery – Eu fui criado por mulheres, pela minha avó. Então eu criei um respeito muito grande pelas as mulheres. E minha avó era muito sensível, inteligente, intelectual. E foi aí que resolvi fazer ginecologia. E também porque não gostava da especialidade que tinha muita morte. Eu gostava da que tinha nascimento, a que tinha mais contato com a vida.

Lubaque - O senhor atua como psicólogo no seu consultório?

Dr. Malcon – Eu sempre fui muito questionador. E uma vez questionei aos seis anos sobre determinado assunto na aula de religião: se Deus é tão bonzinho, como à senhora fala (professora), porque ele não fica amigo do diabo e acaba com essa confusão toda. É a lógica da criança. É como meu filho que me perguntou: porque milho verde não chama milho amarelo ao invés de milho verde?
E na faculdade também fui assim. E o questionamento esta na minha vida até hoje. Se você pega uma mulher do sul deste os valores são mais igualitários, se você pega uma região do Brasil onde a menos escolaridades a mulher já é oprimida. Então quando você percebe os valores dos pacientes a forma que são tratadas as coisas se complicam. Na região religiosa a mulher é sempre inferior. A mulher tem o estigma de que tem que parir com dor. A dor do parto era o castigo divino. E eu não concordava com essas coisas. Eu pensava: acho que você pode da à luz com menos dor. Então eu sempre olhei o lado da mistura genética. Porque se você olhar pra uma pessoa de raça pura a incidência de câncer é maior. E se você olhar pra uma pessoa de raça mista como a nossa a incidência de câncer é menor. E se você pega uma pessoa mais religiosa, ela tem mais culpa. A que tem mais culpa, sofre mais a retardação da culpa.
É assim se você tirar o útero de uma mulher no nordeste, ela já pensa: o meu marido não transa mais comigo. Agora aqui não, não tem problema algum.

Lubaque - Em que momento a mulher se senti mais frágil numa gravidez?


Dr. Malcon – Eu tenho certeza que a gravidez é período muito mais frágil que a menopausa. Porque a gravidez é uma crise no sentido orgânico, psicológico e social. Se a mulher tem diabetes que esta controlada, na gravidez ele descontrola. A gravidez é forma de expor o organismo da mulher. Se ela tiver uma depressãozinha escondida, na gravidez vai aparecer. Porque a gravidez é uma prova de força. Quando uma criança se desenvolve numa mulher, ela cria uma fantasia absurda do que seria ser mãe. Então depende da imagem dessa mulher ser mãe, ela vai ter mais possibilidade de lidar com a gravidez dentro dela. Se ela tiver mais dificuldade em aderir esse papel de mãe, ela vai ter mais dificuldade de gerar. Quando a criança nasce, tudo muda. O vínculo com seu pai, irmão, no trabalho, etc.

Lubaque - E no caso de pais e filhos?

Dr. Malcon – Muito pai fica enciumado quando o filho nasce. Porque nasce também a divisão de afeto. Isso que representa o nenê. Além de uma parte ligada à vaidade. Tanto que é muito difícil para um casal aceitar um filho Down. É a idealização e a realidade. É a idealização amorosa da mulher em relação ao filho. É por isso que a gravidez é sempre uma coisa conflitiva em qualquer situação, mesmo no cenário ideal que é: mulher madura, condição financeira boa, ama o homem que esta e quer ter um filho. E é normal que tenha conflito. Quando uma mulher acha tudo maravilhoso numa gravidez, aí é perigoso. Essa mulher pode até ter uma depressão pós-parto.

Lubaque - Falando em depressão pós-parto. É uma realidade que atinge quanto por cento das mulheres? E como preveni-la?

Dr. Malcon – É uma realidade que atinge 20% das mulheres. E para preveni a depressão é uma mulher que se expressa naturalmente na parte dos sentimentos negativos e positivos. Tem uma situação até cultural que diz que a mulher não pode ter sentimentos negativos, ou seja, pega uma mulher no ambiente social com amigos, então ela diz que chata essa barriga esse moleque aqui. A primeira coisa que ela vai ouvir é: não fala assim, ele vai escuta e vai nascer sem entender. E não é assim. Quanto mais à pessoa se expressar é melhor. Qualquer pessoa pode esta desconfortável com a barriga. Então quanto mais ela se expressar da maneira que se sinta melhor é bom. O bebe que ela vai ter precisa receber pelo cordão umbilical todas as químicas. Química da alegria, química da tristeza, da euforia, do ódio, da frustração. È importante que o bebe sinta tudo isso. O bebe que vai nascer não vai ser um robô. Então quanto mais ele for banhado por todas as químicas dos sentimentos mulher, melhor. Ele já vai ter uma sensibilização de todas elas. Isso tudo é imunização, anticorpos. Se pega seu filho e o protege de

“A depressão pós-parto engana muito, as pessoas só pensam que é melancolia, tristeza, não querer sair de casa, não é só isso. A depressão tem outras mascaras, como, obsessão; limpeza, não pode pegar em nada; mania, persecutoriedade, ninguém pode pegar no meu filho, e tantas outras formas. E tem que ficar atento porque pode acontecer seis meses depois!”

Lubaque - Qual a melhor forma de administrar a gravidez?

Dr. Malcon - É assim, numa gravidez a mulher tem mudanças radicais na sua vida, tanto social, psicológica e orgânica. É uma crise. Se essa mulher não tiver preparo pra administrar essa crise, ela vai sofrer mais em todos os sentidos. Se a mulher vem aqui e tem um corrimento branco, e ela for imatura, ela vai achar que esse corrimento é um câncer. Se a mulher for madura, com valores mais sólidos, uma autoestima boa e vir aqui com um câncer de mama, ela pode administrar melhor o que tem, do que a outra que não tem nada. Como uma pessoa administra o que tem? Depende o que ela tem de equilíbrio emocional. Isso se chama maturidade.

Lubaque - E os familiares mais próximos como devem agir?


Dr. Malcon - Quando uma mulher engravida da uma infantilidade, ela regride. Nessa questão o marido, a mãe dela, a sogra ou o médico, pode contribuir para ela progredir na infantilidade ou mantê-la. É que nem uma mulher que chega ao consultório e diz que tem pavor a parto, e que não pode nem pensar em dar à luz. Eu digo a ela, fica tranqüila que eu vou te dar uma pílula dourada e você não vai sentir dor alguma. O que eu fiz, ela chegou infantilizada, eu não discuti por isso, passando para pílula o problema dela. Porque como ela esta infantilizada, ela transfere o real problema para outro. Então cheguei a descobri casos que na verdade o marido traia a mulher e deixava claro que quando ela ganhasse o bebe a deixaria. Isso se chama somatizar. É que nem muitas mulheres que usam a gravidez para ganhar presentes, manipulam esse momento. Os desejos que elas sentem na gravidez, isso nada mais é que a afirmação do amor por ela. É como se você trouxe o doce que ela tanto queria você matou o dragão do castelo. É legal fazer isso, mas tem que ter limite. Se não a família a infantiliza.

Lubaque - E o homem como deve se comportar numa depressão? Qual o papel dele para ajudá-la?

Dr. Malcon – Eu costumo dizer que o melhor pré-natalista do mundo é o bom companheiro. Porque o homem que tem maturidade, humildade para perguntar ele vai ajudar. Porque quando nasce uma criança, se tem vários nascimentos. Nasce um pai, uma mãe, um tio, uma avó. E cada um vai ter seu papel, tanto pra ajudar como para atrapalhar.

Lubaque - Alguns homens dizem que estão sentindo sintomas de gravidez, quando a parceira esta grávida. Qual é a verdade sobre isso?

Dr. Malcon – Eu tive um caso que a mulher teve três partos e em todos eles o marido teve Cálculo Renal. Então cada vez que ela dava à luz, ele dava a luz da pedra do Rim. Mas assim mexe com os dois, o homem são fantasias, ele fica pensando se o filho é dele. Porque a maternidade é um fato, a paternidade não. A situação do pai é uma adoção, a mãe esta ligada com o filho pelo cordão umbilical. A mãe tem que se libertar do filho o pai tem que adotar.

Lubaque - Quais são os problemas que as mulheres mais trazem ao seu consultório?


Dr. Malcon – Na ginecologia geral sangramento do ciclo, cólica menstrual, enxaqueca, corrimento. Na área da sexualidade é desejo, orgasmo. Na área da obstreticia é a vontade de programar a gravidez, umas querem março outras e dezembro.

Lubaque - Qual é o melhor parto para a mulher o normal ou Cesário? E como escolher o melhor para cada situação?

Dr. Malcon – O melhor parto do mundo é a criança nascer bem e a mulher passar bem também. Há uma hipervalorização que no parto vaginal a mulher senti mais dor, mentira. A qualidade maternal se inicia depois que a criança nasce.

Lubaque - O senhor recomenda as mulheres há ficarem mais tempo sem mestruarem. Quais são as técnicas para a interrupção? E quais são as vantagens e desvantagens?

Dr. Malcon – Pílulas seqüenciais, injeções, o Diu que para de menstrua e os implantes.

Lubaque - O senhor teve muita critica em relação aos hormônios que inibem a menstruação?

Dr. Malcon – Muitas criticas. Nós começamos a fazer em 1980. Eu trabalhava com o Marco Cotin, que trabalhava com hormônios. E a gente tinha muita infertilidade aquela época sem saber o porque. Na verdade o que estava por trás era Endometriose. Então a gente usava esses implantes hormonais (progesterona) pra inibir a endometriose. E como dávamos doses altas que eram por injeções, elas ficavam sem sangrar três, seis meses. Com isso elas não tinham cólicas, não sangravam, estavam se sentindo muito bem assim. Tudo começou com as injeções, logo depois vieram os implantes. Depois veio a suspensão da menstruação, ou suspender a TPM, tirar a endometriose, enxaqueca. Hoje em dia tem vários médicos que faz suspensão de menstruação. Aquela época o índice de aceitação era muito baixo. Na verdade muitas mulheres não queriam menstrua, então eu recomendava que elas continuassem a tomar a pílula o mês todo, porque já tínhamos a convicção de que não tinha problema algum, mas muito médico não. Hoje já não tem que fale ao contrário.

Lubaque - Qual a função do anticoncepcional?

Dr. Malcon – A mulher quando grávida para de ovular. E a pílula nada mais é que esse mecanismo de falsa gravidez. Porque ela inibe a ovulação. Aquela para da de uma semana que dava na pílula, era para tentar da uma falsa sensação de menstruação. A mulher sangrava três, quatro dias e dava a sensação de que estava mestrando, mas na verdade estava sangrando porque ela parava a pílula. Então quem dizia que a mulher menstruava, não sabia o que falava.


A quantidade de hormônio nas pílulas anticoncepcionais em cinqüenta anos passou de 150mg. para 15mg. por dia. Foi uma evolução muito pontual na independência da mulher”.

Lubaque - Tem-se uma idéia de que a pílula faz a mulher engordar. Que tem efeitos colaterais, às vezes ruins. Fale um pouco sobre isso.

Dr. Malcon – Depende da pílula. Tem pílulas que a pessoa perde peso; outras ganham peso; outras perdem libido, outras não. Tudo tem que sem bem adaptado, o que não pode é generalizar. Agora todos aticontraceptivos que existe servem para proteger a fertilidade da mulher. Se ela sangrava seis dias, e passa a sangrar quatro, esta protegendo ela, contra endometriose.

Lubaque - O que pensa sobre a questão do aborto?

Dr. Malcon – A minha visão sobre o aborto é muito clara. O aborto existe a gente é contra, agora é claro, não é porque somos a favor da anticoncepção, que não vamos discutir sobre a questão do aborto. Nós não podemos deixar as mulheres morrerem de aborto. Existe um milhão de abortos de adolescentes no Brasil. Então é um assunto que deveria ser discutido na medicina social, porque ele existe, mata muita mulher e deixa tantas outras inférteis. Então a jamais deixaria de discutir a criminalização e a descriminação do aborto. Porque nós sabemos que o aborto é feito em um nível marginal. Porque num país onde é legalizado, não tem mais aborto do que num país que não é.

Lubaque - Como é ser considerado o médico das ‘estrelas’ e das mulheres no geral?

Dr. Malcon – Uma tremenda de uma bobagem. Porque eu sou médico da mulher.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sergio Vaz, persona grata!

A Revista Época, como todo ano, selecionou 100 pessoas mais influentes do ano no Brasil. Se fosse há dez anos, podíamos pensar que foi uma ironia, brincadeira de mau gosto, ser escolhido um periférico como uma das pessoas influentes; seria mais fácil pensarmos que esse nome, Poeta Segio Vaz de Cooperifa, seria mais, uma persona non grata, a este veículo de comunicação, das Organizações Globo.


Mas o estranho para muitos; indiferentes para outros tantos; é sinônimo de vos ativa, de Periferia Viva. Este cidadão do qual vos falo é forte até de mais, passou por barreiras que até então era impossível para um cidadão comum. Com uma vida sofrida como ele mesmo descreve que poeta que é! "Num tempo em que a merenda para alguns era a única refeição, na periferia, “lar” e “casa” eram duas coisas extremamente diferentes, e se nós, os filhos da dor, desenhávamos nosso momento com giz colorido, em casa, muitas famílias escreviam a alegria a lápis, para que ficasse mais fácil para a tristeza apagar" (sic). Fica ai a lição aos intelctuais, politicos, senhores de engenho, que comanda essa nação. Que a vida, o ser humano, tem que ser lapidado, formado ser humano, porque ele não nasce um, mas precisa ser formado, e que quando não se faz tal obrigação, se cria mostros. E poucos como Sergio Vaz, sairão tão bom, de boas intenções, sem nenhuma estrutura ou condição para tal, isso porque, repetindo, se aprende a ser um humano. Uma boa educação, uma casa, e alimentação não pode ser nunca, mas nunca mesmo esquecidas ou levada a brincadeira, pois há diversos Sergio Vaz, que se empenham, mas para vingar, e não será surpresa ser nos seus filhos e netos. Uma coisa, gera outra, causa e efeito, como quiserem. Mas, não vamos mudar o foco, porque a mensagem não é essa. Mas que fiquem avisados!
Ser nomeado uma das 100 pessoas mais influente prova que sempre há uma melhor saída para todos, e que a educação, cultura, liberdade de expressão, que o Sergio deu ha dezenas de pessoas que na Cooperifa vão todas às quartas-feiras, para mostrarem com emoção, satisfação, com o coração, suas poesias, é a vitória que todos eles esperavam, uma maneira de expressarem suas ânsias e angústias para o mundo. Estar entre centenas, é como se fosse cada poeta, que faz a Cooperifa o que ela é hoje. Uma grande família!
Talves Sergio Vaz, fosse até uma persona non grata aos cegos do coração, demagogos de plantão.
Mas é influente sim! E a elite ja percebeu, tarde de mais, mas percebeu, que outros vários Sergio Vaz estão por vir...!
E que venham logo. Povo Lindo, Povo Inteligente!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sergio Vaz, persona grata!

A Revista Época, como todo ano, selecionou 100 pessoas mais influentes do ano no Brasil. Se fosse há dez anos, podíamos pensar que foi uma ironia, brincadeira de mau gosto, ser escolhido um periférico como uma das pessoas influentes; seria mais fácil pensarmos que esse nome, Poeta Segio Vaz de Cooperifa, seria mais, uma persona non grata, a este veículo de comunicação, das Organizações Globo.

Mas o estranho para muitos; indiferentes para outros tantos; é sinônimo de voz ativa, de Periferia Viva. Este cidadão do qual vos falo é forte até de mais, passou por barreiras que até então era impossível para um cidadão comum. Com uma vida sofrida como ele mesmo descreve que poeta que é! "Num tempo em que a merenda para alguns era a única refeição, na periferia, “lar” e “casa” eram duas coisas extremamente diferentes, e se nós, os filhos da dor, desenhávamos nosso momento com giz colorido, em casa, muitas famílias escreviam a alegria a lápis, para que ficasse mais fácil para a tristeza apagar" (sic). Fica ai a lição  aos intelctuais, politicos, senhores de engenho, que comanda essa nação. Que a vida, o ser humano, tem que ser lapidado, formado ser humano, porque ele não nasce um, mas precisa ser formado, e que quando não se faz tal obrigação, se cria mostros. E poucos como Sergio Vaz, sairão tão bom, de boas intenções, sem nenhuma estrutura ou condição para tal, isso porque, repetindo, se aprende a ser um humano. Uma boa educação, uma casa, e alimentação não pode ser nunca, mas nunca mesmo esquecidas ou levada a brincadeira, pois há diversos Sergio Vaz, que se empenham, mas para vingar, e não será surpresa ser nos seus filhos e netos. Uma coisa, gera outra, causa  e efeito, como quiserem. Mas, não vamos mudar o foco, porque a mensagem não é essa. Mas que fiquem avisados!
Ser nomeado uma das 100 pessoas mais influente prova que sempre há uma melhor saída para todos, e que a educação, cultura, liberdade de expressão, que o Sergio deu ha dezenas de pessoas que na Cooperifa vão todas às quartas-feiras, para mostrarem com emoção, satisfação, com o coração, suas poesias, é a vitória que todos eles esperavam, uma maneira de expressarem suas ânsias e angústias para o mundo. Estar entre centenas, é como se fosse cada poeta, que faz a Cooperifa o que ela é hoje. Uma grande família!
Talves Sergio Vaz, fosse até uma persona non grata aos cegos do coração, demagogos de plantão.
Mas é influente sim! E a elite ja percebeu, tarde de mais, mas percebeu, que outros vários Sergio Vaz estão por vir...!
E que venham logo. Povo Lindo, povo inteligente!


 

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entrevista com Netinho de Paula, para o blog do Lubaque. O menino da periferia que conquistou o Brasil.


Lubaque - Como foi sua infância na periferia de São Paulo? Você pensou em ser jogador de futebol como muitos garotos da periferia?
Netinho - Eu nasci no Parque Ipê, zona sul da cidade de São Paulo. Com um ano de idade, minha família se mudou para a COHAB de Carapicuíba, onde fiquei até os meus 11 anos. Após o falecimento de minha mãe, retornei ao Parque Ipê. Lá, passei a minha adolescência, até os 17 anos, para em seguida voltar para a COHAB, época em que conheci a rapaziada do Negritude Jr. Posso dizer que a minha infância foi sofrida. Meu pai era gráfico, e minha mãe dona-de-casa. Para ajudar no orçamento familiar, eu vendia doces nas estações da CPTM, sem esquecer, é claro, de freqüentar a escola. Nós passamos por inúmeras dificuldades, mas sempre as superamos com muita garra e honestidade. Como todos os garotos jovens, principalmente os da periferia, eu sonhava, sim, em ser jogador de futebol profissional. No entanto, Deus me abençoou com o dom do canto, e não com a habilidade no futebol. Ainda bem, né. Gosto muito de futebol. Inclusive, o nome, Negritude Jr., foi inspirado num excelente time de futebol amador, o Negritude Futebol Clube, o qual admirávamos e éramos fãs. Hoje, sou corintiano doente, maloqueiro e sofredor.
Lubaque – Quando realmente falou – Eu quero ser artista -, e tocou em frente esse sonho?
Netinho - Na minha adolescência, já era freqüentador assíduo das rodas de samba. Esta sempre foi uma grande paixão. Sempre esteve na minha essência. Aos 17 anos, criamos o Negritude Jr. Isto foi entre 1986 e 1987. Como todo grupo novo, nós sofremos bastante no início. As coisas passaram a melhorar no final da década de 80, pois vencemos um concurso na escola de samba Camisa Verde e Branco. A partir daí, nossa carreira engrenou, as coisas começaram a fluir de uma forma mais fácil. Aí, pensei “agora vai”. Felizmente, a música Cohab City estourou nas rádios. Foram quase 16 anos de muita luta, mas foi gratificante. Serei eternamente grato à Família Negritude Jr.
Lubaque – Como surgiu a ideia de ser apresentador?
Netinho - Em meados da década de 90, eu fui convidado pelo Gugu para apresentar, durante um período limitado, o quadro Dia de Princesa, no Domingo Legal. Antes de o convite chegar a mim, jamais havia passado pela minha cabeça trabalhar como apresentador. O convite chegou e topei. Seriam apenas por alguns programas. Felizmente, o quadro foi um sucesso de audiência. Ao constatar isso, o Gugu quis continuar com o Dia de Princesa por um tempo maior. Foi uma época maravilhosa. Foram anos. Em 2001, a Record fez uma proposta para que eu apresentasse um programa, aos domingos, num formato idealizado por mim. Continuei com o quadro Dia de Princesa e produzi outras atrações, que foram muito bem recebidas pelos telespectadores. O Domingo da Gente ficou no ar até o final de 2005. Ainda na Record, produzi o seriado Turma do Gueto, que retratava a vida na periferia de São Paulo. Graças a Deus, tudo isto emplacou. Fiquei 3 anos e meio afastado da televisão. Neste ano, o Silvio Santos manifestou o interesse em me contratar para apresentar um programa semelhante ao Domingo da Gente. Fiquei feliz da vida. Aceitei no mesmo minuto. Agora, estou aí, à frente do Show da Gente, que tem conseguido ótimos índices de audiência para o SBT.
Lubaque – O quadro “Um dia de Princesa” é um sucesso. O que muda na vida dessas meninas?
Netinho - Diariamente, chegam milhares e milhares de cartas e e-mails à produção do Show da Gente de mulheres que possuem tristes e sofridas histórias de vida. Elas passam pelas mais diversas dificuldades. Tudo o que essas pessoas querem é passar um dia longe destes problemas, um dia que elas jamais tiveram a oportunidade de aproveitar, literalmente um dia de princesa. A nossa intenção é estimulá-las nesta batalha do dia-a-dia, queremos que elas tenham auto-estima, que passem a acreditar num futuro melhor. A vida na periferia é muito dura, massacrante. Por isso, eu levo a minha princesa para fazer compras em um Shopping, transformar o seu visual num cabeleireiro e ter um jantar dos sonhos. No final, as princesas ganham prêmios dos nossos patrocinadores, alguns deles em dinheiro. O resultado é muito positivo. Elas ficam mais confiantes, animadas, com o espírito renovado. Conheço casos em que a princesa, após a participação no programa, muda a sua realidade para melhor. Muitas conseguiram uma vida pessoal e financeira bem mais estável. Isto me deixa extremamente orgulhoso e emocionado.

Lubaque – Você ainda pretende continuar com a TV da Gente? É difícil no Brasil, montar uma emissora onde os negros aparecerão apresentando e o publico é negro? O preconceito atrapalhou o projeto?
Netinho - A TV da Gente continua existindo. Atualmente, ela funciona normalmente na cidade de Pacajus, situado no estado do Ceará. Eu digo que, no Brasil, temos algumas poderosas empresas de comunicação dominadoras, que monopolizam este meio. Enfrentei muitas dificuldades. Você acaba sendo um estranho no ninho, e isto me atrapalhou demais. Parece que a TV da Gente, por ser diferenciada das demais, se tornou uma ameaça, um inimigo. Infelizmente, na história da televisão brasileira, pouquíssimos negros tiveram a oportunidade de apresentar um programa. Isto é inaceitável. Ainda, vejo o negro muito distante dos meios de comunicação, principalmente da televisão. Por isso, idealizei a TV da Gente. O racismo ainda é algo muito presente no nosso dia-a-dia, e na TV não é diferente. Eu acredito que, sim, o preconceito interferiu em todo o processo. Fico chateado com esta situação. No entanto, eu não abaixo a guarda, não. A TV da Gente continua viva. O projeto segue. Tenho fé de que, em alguns anos, ela conseguirá crescer e se desenvolver.

Lubaque – Como administra a vida artística e política, deve ser muito corrido?
Netinho - Realmente é muito corrido. As minhas semanas são bem cansativas. Às segundas-feiras e sextas-feiras, faço as gravações para o Show da Gente. Já às terças-feiras, quartas-feiras e quintas-feiras, estou presente em meu gabinete, na Câmara Municipal, pois são os dias em que ocorrem as reuniões das comissões e as sessões plenárias. Durante os finais de semana, costumo fazer os meus shows. Quando há folga, gosto de ficar em casa com a minha noiva e os meus filhos. Tudo isso é desgastante. Porém, eu gosto dessa rotina. Para mim, esta correria é gratificante, é o reconhecimento de um bom trabalho. O carinho dos meus fãs é o combustível da minha carreira.
Lubaque – Já cogitou em fazer um filme da sua vida?
Netinho - Não. No momento, isto não faz parte dos meus planos. Pode ser que isto aconteça algum dia, mas não agora. Acho que já estou sobrecarregado. Preciso me concentrar nas minhas atuais obrigações, que já são muitas. Mais para frente pensarei a respeito do assunto.
Lubaque – Porque resolveu entra para política? Há seis meses na câmara, acha que da para mudar algo para os menos favorecidos. Já que o povo pensa que nada muda?
Netinho - Eu digo que a política está presente na minha vida desde os tempos de sucesso do Negritude Jr., na década de 90. Todo o grupo tinha um discurso político, pois defendíamos algumas bandeiras. Nós tínhamos uma posição de destaque em relação às questões envolvendo o negro na sociedade brasileira. Éramos convidados para participar de debates, eventos ligados ao tema. Após a minha saída do grupo, continuei atuante frente às questões abordadas pelo movimento negro, pela periferia e, também, pela juventude. Agora, com mais experiência, quis me candidatar à vereança, porque senti que havia chegado o momento de estar no olho do furacão, no centro das discussões. Queria contribuir de forma mais contundente. Em sete meses de mandato, sinto que podemos ajudar os munícipes. Muitas pessoas questionam o nosso trabalho, acham que é fácil, que não queremos fazer nada. Isso é equivocado. Todos os dias procuramos soluções para a melhoria das condições do povo. Eu recebi, nas últimas eleições, mais de 84 mil votos. Esses eleitores confiaram em mim. A responsabilidade é grande. Farei de tudo para ajudar os 11 milhões de habitantes da cidade de São Paulo.
Lubaque – Você já conseguiu aprovação para o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, a ser comemorada anualmente no dia 21 de janeiro. O que representa pra você essa vitória?
Netinho - Representa muito, pois este é o meu primeiro projeto aprovado na Câmara Municipal. Existem outros em tramitação. Tenham certeza de que outros projetos serão aprovados em breve. Eu sentia uma necessidade de instituir o Dia de Combate à Intolerância Religiosa. Vivemos num país laico, porém não vejo harmonia e respeito entre todas as religiões. O apego à religião é algo importante, pois contribui na formação das pessoas, além da manutenção e expansão de seus valores e tradições. A partir desta data, espero que haja uma mudança de comportamento e união mútua entre os mais diversos cultos.

Lubaque – Você disse que as políticas afirmativas são um mal necessário. Como você vê algumas instituições, alguns negros contra as cotas?
Netinho - Isso é questão de ponto de vista, opinião. Atualmente, não vejo outra solução viável para a inserção do negro em universidades, grandes empresas e nos altos escalões dos governos. Existe uma barreira abstrata entre a sociedade e o negro. Em pleno o século XXI, nós, negros, ainda sofremos preconceito, somos excluídos dos setores elitistas. Não temos, no momento, nenhum secretário negro em São Paulo. Fico inconformado com estas coisas. Se criticam tanto as políticas afirmativas, deveriam então sugerir algo melhor, mais eficiente. Em vez de críticas, encontrem soluções. Enquanto eu não apostar em outra saída para a resolução deste problema, defenderei as cotas, sim.


Lubaque – Como você sabe é o povo que realmente elege os políticos. E você vindo dessa massa sabe que a cobrança será pesada. Porque será um representante direto deles. Como vê isso?
Netinho - Fui o terceiro vereador mais votado da maior cidade do país, e de uma das maiores do mundo. Ser representante de 11 milhões de pessoas não é fácil. Como já disse, a responsabilidade é enorme. Os 55 vereadores da cidade de São Paulo devem ser cobrados, pois foram escolhidos entre mais de mil candidatos. Eu penso que preciso retribuir esta confiança com muito trabalho e dedicação. Estou aqui para lutar exclusivamente pelos interesses da população.
Lubaque – O que você pensa de personalidades estarem adotando crianças de outras raças em outros paises?
Netinho - Acho magnífico. Adotar uma criança é um ato de puro amor ao próximo. Eu sou suspeito para falar sobre este assunto, já que tenho filhos adotados. Para mim, eles são filhos biológicos. O meu amor por eles é incondicional. É algo que me emociona. Estas crianças merecem o nosso colo, carinho e afeto. Adotar um filho é uma atitude sensacional, um sentimento indescritível.
Lubaque – É um projeto se candidatar a senador? Seria já no próximo ano? Você já pensou na presidência?
Netinho - Ainda, não posso dizer que é um projeto. No momento, trata-se de uma vontade, uma possibilidade. Tenho me reunido constantemente com a direção estadual do PCdoB para discutirmos sobre esta candidatura ao senado, em 2010. Preciso ir devagar. Primeiro, pretendo fazer um ótimo primeiro ano de mandato. Ser vereador de São Paulo é um grande teste. Quero passar bem por esta prova. Seria um sonho representar o meu estado em Brasília. No início do ano que vem, devemos definir isto. Enquanto não houver nada de concreto, prefiro me manter concentrado no meu trabalho na Câmara Municipal de São Paulo. A presidência é algo distante. Não penso nisto, no momento. Para governar o país, você precisa de rodagem, de experiência política, passar por esferas menores. Sou novo neste meio. Hoje, se eu tenho uma grande ambição na política, esta ambição é o senado.
Por Elias Lubaque - Jornalista

Leia entrevista polêmica de Jorge Kajuru para o blog do Lubaque


1- Quando você decidiu que seria jornalista esportivo?

Jorge Kajuru - Com cinco anos de idade, quando delatei o meu próprio pai, contando a minha mãe sobre suas traições.
2- Qual a sua relação com futebol, é ódio ou amor?
Kajuru - Amor dentro de campo, ódio fora de campo.
3- O que significou Osmar Santos pra você?
Kajuru - Depois de Jorge Curi, o melhor locutor esportivo que ouvi.
4- Quem você considera hoje seu amigo de verdade?

Kajuru - Aqueles que me assistem todo dia, me aceitam como eu sou e não pedem nada em troca. Exceto eles, tenho mais uns quatro.
5- E sobre a Rádio K. Você conseguiu juntar gente de peso, como Alexandre Garcia, Marcelo Rezende, Ricardo Boechat entre tantos. Vários elogios na copa de 1998 na França, onde fizeram 23 horas de Copa. Como foi tudo isso?
Kajuru - Foi um sonho realizado na tória e na pratica. Uma prova de que talento na tem naturalidade. O melhor médico do Brasil pode ser dia Arapiraca, nas Alagoas.
6- No seu livro “Condenado a Falar” derrubou demagogos, falsos profissionais, gente com que se postava na sociedade com caráter acima de qualquer suspeita. Porque resolveu tirar a máscara dessas pessoas?
Kajuru - Primeiro porque Deus não merece ter como seu porta voz, alguém da laia do Edir Macedo. Assim dei seqüência aos outros falsos profetas e que no ar se posam de santo. Especialmente em poderes “absolutos” como o futebol, a política, a televisão e a imprensa de modo geral.
7- Nem mesmo as igrejas que se alimenta de dinheiros de fiéis, muitas vezes na sarjeta escapou de umas boas verdades. Conte-nos sobre isso?
Kajuru - Não preciso falar muito. Basta dizer que acredito mais nas palavras do Fernadinho beira mar. E falo tudo isso em nome de Jesus.
8- Porque seu primeiro livro foi proibido?
Kajuru - Porque só continha verdade e no estado de Goiás, como Bahia e outros, não existem governantes, e sim coronéis políticos.
9- Quantos processos já foram movidos contra você?
Kajuru - Nunca fui preso, e nem condenado. Processos, até hoje foram 112. Perdi, mas não vou pagar as duas indenizações. Uma da Luciana Gimenes, e outra do ex-presidente do tribunal de Goiás. Juntas, elas somam 106 mil reais. Não tenho nada em meu nome. Meus únicos bens são minhas ex-mulheres. Se quiserem tomá-las, estão à disposição.


10- Você já recebeu várias ameaças de morte. Não tem receio?
Kajuru - Medo nenhum. Preocupação tenho, com quem não me ameaça.
11- E o sonho de imprensa livre acabou?
Kajuru - Nunca existiu.
2º Parte

1- De todas emissoras que já passou qual não voltaria?
Kajuru - Voltaria para qualquer uma que me deixaria falar o que penso. Por essa razão estou lançando minha própria tvkajuru.com.
2- Silvio Santo. O que este homem da comunicação significou pra você?
Kajuru - Como comunicador, melhor do mundo. Como patrão, só um pouquinho melhor que os outros. Só um pouquinho.
3- Quem foi o jogar de vôlei que encontrou na casa de prostituição? O que ele te disse?
Kajuru - Quem foi eu não falo, até porque eu fui lá fazer o mesmo que ele. A diferença é que só ele era casado. O local é o mesmo que o Kassab Fechou.
4- Se candidataria para algum cargo político?
Kajuru - Só morto. Porque ai não responderia por mim.
5- Como você se definiria nos bastidores da vida?
Kajuru - Pouco importa se a mula manca, estou aqui para rosetar.
6- Como você vê grandes veículos de comunicação como Veja Estadão, Isto É, Organizações Globo, SBT e Record, influenciando na sociedade brasileira em todos âmbitos?
Kajuru - A maioria é tão transparente que a gente nem enxerga. Folha, Estadão de hoje, o Globo e CBN (rádio) merecem 60% do meu respeito. 100% só minha mãe.
7- De tudo que já viveu nessa vida o que te deixou mais magoado?
Kajuru – Nada, porque o esquecimento é a única vingança e o único perdão.
8- Se arrepende de algo que fez na sua vida?
Kajuru – Rigorosamente de uma só coisa. Comi a mulher de um amigo. Ele já sabe e já aceitou o meu pedido de perdão.
9 – Qual foi a maior injustiça que cometeu ao falar de alguém? Retratou-se?
Kajuru - Retratei e pedi desculpas a todos os poucos que fui injusto. Foram pouquíssimos.



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Abertura para inclusão

Este blog terá tudo que se possa imaginar de social, desde Inclusão Social até Exclusão Social. Porque coloquei inclusão em primeiro lugar? Porque o intuito é incluir tudo que esteja fora de uma sociedade, tudo que não foi oferecido para as pessoas. E olha que há muita coisa a ser explorado! E mostrar aos brasileiros o que esta por de trás de interesses egoístas, de pessoas que preferem a inclusão, por razões mesquinhas.
Enfim, trarei matérias que possa mudar atitudes e caráteres. Esse é meu objetivo, trazer uma nova abertura para inclusão do que não esteja dentro de um consenso.